Gran Torino [Gran Torino] de Clint Eastwood

Gran Torino

Eastwood acertou. Usou sua experiência e estampa de idoso charmoso para dirigir e atuar neste bom roteiro de Nick Schenk. Clint Eastwood interpreta o personagem principal, o velho soldado Walt Kowalski, que lutou na Coréia e trabalhou na indústria automobilística. Depois de enviuvar, ele vive sozinho e assiste seu bairro se encher de imigrantes orientais. A casa vizinha é ocupada por uma família de vietnamitas que, aliás, fugiram de seu país por terem sido aliados dos americanos na guerra. O velho Walt despreza os orientais. Continue lendo “Gran Torino [Gran Torino] de Clint Eastwood”

Milk [Milk] de Gus Van Sant

Belo filme diretor Gus Van Sant, que tem o excelente “To Die For” em sua filmografia. Trata de uma época de opressão não muito remota. Muitos de nós já estavam vivos. Os maravilhosos anos 70. A história do ativista gay Harvey Milk retrata a luta da comunidade gay contra os preconceitos de que eram alvo. Você imagina que, há 40 anos atrás, ser homossexual poderia fazer a pessoa perder o emprego de professor? A discussão que rolava é se era doença ou não. É mole? Continue lendo “Milk [Milk] de Gus Van Sant”

O Ensaio Sobre a Cegueira [Blindness] de Fernando Meirelles

Se não me perco no tempo, foi na Idade Média, houve uma batalha nos confins da Europa em que os vencidos foram cegados aos milhares e enviados de volta para seu povo. Imaginem. Uma multidão de pessoas passando a viver sem o recurso da visão. A loucura da situação me impressionou. O livro o Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago, trata da possibilidade de uma cidade, ou, talvez, o mundo todo ficar cego. O livro é muito bom. Continue lendo “O Ensaio Sobre a Cegueira [Blindness] de Fernando Meirelles”

Tropa de Elite, de José Padilha

retrato da elite da tropa. quem é polícia? quem é bandido?

Meninos, eu vi! O filme foi copiado para a rede. Tropa de Elite é show! Os envolvidos já foram presos. Devem ficar na cadeia. Pausa. Renan Calheiros, entretanto, não deve ir para trás das grades. Fecha pausa. Depois que a cópia caiu na rede, o povo passou a “baixar” o filme e o mercado paralelo virou festa. Continue lendo “Tropa de Elite, de José Padilha”

Elsa e Fred – Um Amor de Paixão [Elsa y Fred] de Marcos Carnevale

Elsa e Fred, foto imdb.com

Os argentinos continuam de sacanagem com o cinema brasileiro. Estão humilhando! Sem se preocuparem em fazer grandes produções, eles mantêm a rotina de fazer bons filmes, utilizando bons roteiros. É por aí que eles expõem nossa incompetência para fazer cinema. Continue lendo “Elsa e Fred – Um Amor de Paixão [Elsa y Fred] de Marcos Carnevale”

Garota de Ouro [Million Dollar Baby] de Clint Eastwood

garota de ouro, foto imdb.com

clint eastwood embarca na pieguice

O cinema americano desandou. Fiquei estupefato com o filme de Clint Eastwood. O eterno mocinho do faroeste espaguete sabe muito de cinema. Ele não veio para inventar, mas suas obras, com particular destaque para Imperdoáveis (Unforgiven), mostram que o homem entende do ofício e está bem posicionado como produtor e diretor de filmes – como dizer? – arrumados. Pois é, a idade bateu. O velho Clint dá sinais de caducar. Seu filme Garota de Ouro (Million Dollar Baby) é quase ruim. É um show de pieguice e lugares comuns sentimentais em filme pré-fabricado para atender aos critérios da disputa pelo Oscar. Clint abusa das fórmulas para fazer filme para o povão americano, apelando de todo jeito. Dessa vez ele radicalizou. Se filme mostrando sagas de vencedores faz sucesso, se filmes tratando de deficientes físicos toca o coração e a carteira do público, por que não juntar as duas coisas? O diretor faz isso com uma mão tão pesada que chega a dar constrangimento em quem tiver um mínimo de senso crítico e não se entregar às armadilhas vulgares que ele utiliza para extrair lágrimas da platéia. Os sintomas do golpe engendrado pelo ambicioso diretor são óbvios. Ele cria um trio de alta receptividade para as platéias. Um é o próprio Clint Eastwood, atuando bem como o treinador Frankie Dunn, cheio de culpas com a filha – ou seria um diretor de cinema cheio de culpa com o produto do seu trabalho? – que encontra a filha que todo pai queria ter. Tem também o sempre correto Morgan Freeman, como o coadjuvante que amarra as situações e faz a história andar. E tem a menina de ouro, Hilary Swank, fazendo a lutadora de boxe Maggie Fitzgerald, que é o melhor do filme. Swank tem uma beleza estranha, às vezes rude, às vezes terna, e defende seu pesado personagem com garra extraordinária, tornando-o minimamente assistível. A atriz é realmente uma força da natureza. Lembram de Meninos Não Choram (Boys Don’t Cry), onde Swank é um menino? Seu rosto anguloso lhe deu agora os recursos necessários para encarar o papel de boxeadora. A atriz não baixa a guarda em nenhum momento da interpretação. Já levou o Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama. Swank põe na sombra até Morgan Freeman, que não é bobo e soube se colocar no canto do ringue, garantindo o brilho como coadjuvante.

E a história? Se você está com problemas e quer se entregar à terapia da emoção e choro livre, vá fundo. Conforme o filme se encaminha pro final, Clint Eastwood, arrebenta a boca do balão e mergulha na tragédia. Ele simplifica o mundo e produz falhas graves de aderência à realidade. Passa por cima da lógica, talvez por falta de tempo, produz um final de filme que oscila entre o seríssimo e o ridiculamente sentimental. Mas o que está valendo é jogar a emoção da platéia na lona e obter os votos da Academia do Hollywood. Este é o jogo sujo do diretor. Ele pode ver o público americano como um bando de espectadores embotados que precisam de doses cavalares de adrenalina para sair do coma de um povo que elegeu Bush por uma segunda vez. Mas, para alguém semidesperto, a presepada pomposa do filme é torturante. Tirando o trio ternura central, o resto dos personagens são um desfile de caricaturas. A cena do hospital, com a família gulosa da lutadora, é constrangimento para se ruborizar e virar o rosto. A musiquinha de fundo, feita para dar o tom da lágrima que corre, vira o estômago. Resumindo, é pura apelação.

Para não dizer que não há mais nada a se falar sobre o filme, ainda há comentário negativo a ser feito. O treinador passa a sua pupila a preocupação com “se proteger todo o tempo”. Isto é parte central do enredo. Esta ênfase em se proteger parece coisa liminar ou subliminar do medo americano de hoje. Eles estão certos que se descuidarem e olharem pro lado, qualquer subdesenvolvido pode violar uma regra e fazer uma bomba nuclear. Sei não. Essa mensagem do filme pode ser produto da mediocridade de visão do mundo que a sociedade americana tem hoje, pode ser minha paranóia intelectualizada ou pode ser o Alzheimer que chega para Eastwood.

[Ernesto Friedman]
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Sinais [Signs] de M. Night Shyamalan

O novo filme de Shyamalan chegou na esteira da expectativa despertada por seus dois últimos trabalhos: Sexto Sentido e Corpo Fechado. O diretor indiano brilhou em Sexto Sentido criando uma referência cinematográfica no que se refere ao “ponto de vista” de se contar uma história. Em Corpo Fechado, sua exploração da fantasia das histórias em quadrinhos ficou muito soturna e o resultado deixou o diretor no purgatório, críticos e público esperando sua próxima produção para desempatar sua avaliação. Afinal, temos um novo gênio no cinema ou foi apenas uma falsa promessa? Continue lendo “Sinais [Signs] de M. Night Shyamalan”

Oscar de Melhor ator

será que ele ganha?

O cinemão americano se habituou a produzir filmes destinados a concorrer ao Oscar de Melhor Ator (ou Atriz). A fórmula é bem conhecida. Seleciona-se um ator com alguma fama estabelecida e escolhem-se personagem e roteiro que o façam aparecer bastante no filme, de preferência, com certa proximidade da câmera, para que possamos apreciar as caras e bocas que faz. À fórmula padrão, acrescentou-se a notória patologia americana pelo bizarro. Hollywood gosta de personagens deficientes físicos ou mentais para concorrerem à categoria de Melhor Ator. Acham que estou exagerando? Vejam só o retrospecto recente dos prêmios: Continue lendo “Oscar de Melhor ator”