Se é para acreditar em deuses, por que não ficarmos com Papai Noel?

Eta perguntinha provocativa, hem? Falar em deuses é sempre perigoso. O pessoal chegado às crenças não gosta muito de discutir sobre acreditar, ter fé, buscar evidências… O problema é o seguinte: deuses são a maior prova que na presença do desconhecido, da grande solidão que enfrentamos por ter consciência, por não sabermos o que é esse turbilhão de sensações que é viver, então, partimos para delegar a uma entidade maior a explicação para tudo que nos acontece. Não é ideia totalmente ruim. O repasse do entendimento da vida a um ser (super ser!) é maneira de relaxar e deixar a vida nos levar. Esse modelo de delegação só não é muito bom porque ele traz a figura do “atravessador”, os intermediários nas relações com os deuses, os burocratas que criam igrejas e administram as crenças, a fé e as finanças do rebanho de acreditadores. Sem aprofundar muito, sabemos que as civilizações criaram as versões mais estranhas de divindades. A igreja Católica e a religião Mulçumana têm grande sucesso de público. Outras menos votadas e, mesmo, patéticas, como a Cientologia, tem surpreendente sucesso, com nicho fiel e rendimento financeiro significativo de uma Big Tech.

A provocação que trago aqui é simples. Se é para escolher alguma coisa para se acreditar como divina, porque não ficamos com algo simples, com mensagens positivas, sem muitas cobranças de rituais e dogmas. Dizendo logo: acreditemos em Papai Noel. Pô, o bom velhinho é bacana. A criançada curte. O cinema tem todo um ramo de filmes trabalhando com o personagem. Como toda figura inventada, tem dificuldades para se encaixar na realidade. A explicação de como Noel entrega os presentes no mundo todo na noite de Natal é difícil. Mas, pera aí, é fácil explicar a Santíssima Trindade? 

Assim, sem mais, proponho Papai Noel para ser o nosso objeto de adoração. Se não for aceita a proposta, solicito isonomia de tratamento e respeito às crianças. Naquele momento triste que dissemos a elas que Papai Noel não existe, sejamos honestos, devemos informar que deuses também não existem. É sacanagem com os pequenos, que vão carregar esta deformação crítica pela vida a fora.