Jardim de Napoli

R. Dr. Martinico Prado, 463. Santa Cecília. tel. (11) 3666-3022 clique aqui para ver o mapa

A estranha cidade do sul é pródiga em bons restaurantes. (Nota: a cidade referida é São Paulo.) Tem para todos os gostos. Como a grana circula com força na grande capital, encontramos lugares caros para gastar o dinheiro que sobra. Infelizmente não é meu caso. Persevero na busca de boas relações benefício/custo. Tinha uma dica. A cantina Jardim de Napoli e seu polpetone. Continue lendo “Jardim de Napoli”

Somos pela Liberação do Aborto

Feriado da Páscoa. A Igreja, através de seus sacerdotes, aproveita a visibilidade para atacar o movimento pela discussão da legalização do aborto. Notem bem: a Igreja, tradicionalmente contrária ao aborto, não quer discutir o problema, procura atuar para impedir que o assunto seja tratado pelo povo através da maneira mais democrática: um plebiscito sobre a legalização do aborto. Portugal, recentemente, teve seu plebiscito e o aborto foi legalizado.

Mas parece que as coisas não serão tão fáceis para os religiosos. O novo governador do Rio, Sergio Cabral, deu a deixa. Ele se declarou a favor do planejamento familiar. Mais precisamente, ele considera que a discussão sobre o aborto deve acontecer. O Ministro da Saúde José Temporão também defende a realização de plebiscito sobre a legalização do aborto. Para ele esse é um assunto de “saúde pública”. O tema “legalizar o aborto” aparece com força nas agendas políticas e na imprensa. Zuenir Ventura usou seu espaço na página de opinião para comentar sobre as meninas-mães. Trata-se do enorme índice de mulheres, ainda crianças, que ficam grávidas em nosso país. Ancelmo Gois também tratou do assunto na edição de domingo do jornal. Miriam Leitão, faz algum tempo, declinou a estatística crua que mostra o perigoso caminho que nosso país está seguindo. É mais ou menos assim: as mulheres brasileiras mais miseráveis têm muito mais filhos que aquelas que têm condições de criar bem seus filhos. Uma mãe na faixa de renda abaixo de um salário mínimo tem em média mais de cinco filhos. A taxa para as mulheres com renda superior a 10 salários mínimos é de apenas 0,6 filhos por mulher! Assim, como bem registra Zuenir Ventura, o país está crescendo através de crianças geradas sem uma perspectiva de vida minimamente descente. Esses filhos e filhas, na maioria das vezes, vão compor um lar onde o pai foge de sua responsabilidade, deixando a mãe jovem para cuidar da criança. Essas famílias (ou semi-famílias) são o celeiro de crianças violentas, sem estrutura para freqüentar escolas, destinados desde sempre à marginalidade. E depois ficamos reclamando da violência das cidades? Todos conhecem a mais comentada das sacações do livro Freaknomics, que defende que a causa da diminuição da violência em Nova York não foi a política de repressão mais rígida. O motivo real foi a aprovação da legalização do aborto em 1973, que impediu a geração das crianças indesejadas, aquelas mais prováveis de se tornarem os marginais.

Então, este é o assunto do dia. A Igreja já disparou seu discurso contra o aborto ou qualquer prática de planejamento familiar. Sua orientação passa pela solução mais óbvia e pouco eficaz de ser implementada, que é o puro e simples celibato. Sexo, fica para procriação. Sem dúvida, uma proposta atual e alinhada com os anseios e realidades dos cidadãos e cidadãs. De nossa parte, ficamos com a posição radical. O aborto deve ser aprovado no país! Que seja legalizado o direito da mulher sobre seu corpo. Que não tornemos marginais as mulheres que realizam abortos a cada ano. Fiquem surpresos: o número de abortos supera o número de partos. O trabalho não é pequeno. Além do aborto, um grande projeto de educação é a solução maior para esclarecer os jovens do impacto em suas vidas se gerarem filhos indesejados ou não planejados. Entretanto, que se tome vergonha: comecemos, legalizemos o aborto em nosso país.

O Golpe das Carteiras de Estudante

e a população é treinada para tirar vantagem em tudo

O assunto vem sendo discutido há bastante tempo. Há uma quase unanimidade sobre a necessidade de alteração da lei, entretanto pouco se avança em ações efetivas. O fato é que a instituição “carteira de estudante” está falida. É uma grande farsa seu uso para obter a “meia-entrada” em shows e outros eventos. É um engodo generalizado em que alguns têm lucros (os emissores de carteirinhas) e a população em geral perde, ludibriada pela falsa impressão de pagar menos nos espetáculos.

O assunto carteira de estudante serve para exemplificar como é difícil se decidir alguma coisa no Brasil. Desde 2001, quando a emissão de carteiras deixou de ser exclusiva da UNE, o negócio tornou-se lucrativo e a solução que já sofria críticas, se degenerou por completo. A Jovem Pan faturou cerca de 4 milhões de reais emitindo 130 mil carteirinhas. Até a Skol emite carteiras para os bebedores da cerveja. A proliferação do documento gerou uma reação óbvia e previsível: os preços de cinemas, shows e casas de diversão foram majorados. Funciona assim: todo mundo arranja uma carteira, fica achando que é esperto e que paga mais barato, mas o preço é aumentado para compensar a meia-entrada, e todos pagam é caro mesmo. Existe um porém: aquele que não se dispõe a obter uma carteira fica sendo o otário que vai pagar sempre mais caro por entradas de cinema ou outros shows.

Além dos desvios de preços provocados pela disseminação de carteiras de estudante, há uma perda maior para nossa já combalida sociedade. As pessoas são estimuladas a falsificar ou obter carteiras para obter descontos. É a propaganda subliminar de que “vale tudo” e que uma pequena ilegalidade pode ser praticada sem culpa. Este treinamento para a falsidade ideológica, para as práticas ilegais, é um dano de largo alcance que vem junto com o uso de carteiras por não estudantes. Cada vez é mais comum encontrarmos pessoas abastadas se reduzindo a mediocridade de fazer uma carteira de estudante para pagar meia nos cinemas.

A rigor, a carteira de estudante dar desconto é inconstitucional. Por que o trabalhador deve ser tratado diferentemente do estudante? O trabalhador jovem também deveria ser estimulado a consumir cultura com preços reduzidos. O estudante de escola pública e privada deve ser tratado da mesma maneira? Anestesiados pelos falsos ganhos, ninguém quer discutir o assunto. Há solução simples para o problema. Não podemos dizer que somos originais em propô-la. O deputado estadual Wanderlê Correia, de Sergipe, propôs o pagamento da meia-entrada para jovens de até 21 anos de idade, que nos debates da câmara do estado foi estendida para a idade de 24 anos, em virtude de ser esta a idade do primeiro emprego para os estudantes. Por que não adotar solução tão simples? O desconto definido pela idade é muito mais democrático. Os jovens seriam favorecidos e motivados para os programas culturais com preços inferiores. Deixaríamos de favorecer aquele que tem recursos para investir na educação enquanto deixamos os que têm que trabalhar para viver pagarem o preço cheio. Seria de fácil controle, já que todos têm o documento de identidade. Descontos para detentores de carteiras de estudante ou quaisquer outras ficariam a critério do comércio.

Na “Zona Brasil” a que chegamos, carteiras de estudante podem parecer assunto sem importância, mas elas são um sintoma a mais. Mais um sintoma entre tantos!

a problemática do pau grande

Alguém tinha que botar o pau na mesa. Um tinha que se arvorar de macho e tomar de providência. E num é que a iniciativa veio bem de uma criatura pertencente ao sexo frágil. A moça, trabalhando na Saúde, representante do povo vigoroso do Nordeste, veio a público reclamar do tamanho das camisinhas. Continue lendo “a problemática do pau grande”