Capitão Phillips [Captain Phillips] Paul Greengrass

Bom filme de tensão. A pirataria na costa da África existe. É apresentada de maneira convincente. Tom Hanks tem desempenho adequado para a situação limite enfrentada pelo capitão do navio. Espetacular é o ator Barkhad Abdi, nascido na Somália, de família que emigrou para os EUA fugindo da guerra civil. Barkhad interpreta o líder dos sequestradores, Muse. Ele parece absolutamente possuído pelo personagem. Boa parte da tensão, maior qualidade do filme, se deve a sua interpretação.

A atuação dos SEALS, tropa de elite da marinha americana, cumpre o papel de reforçar a competência militar americana para ações anti-terrorismo. Os EUA precisam desse estímulo hoje em dia.

Atenção para a interpretação de Tom Hanks no final do filme, coroando as situações críticas por que passou o atribulado capitão Phillips.

Você pode sentir amor e desejo pela mesma pessoa?

Ester Perel discute o assunto em seu post, publicado pelo HuntPost. Ela começa apresentando instigantes questões. Passo essas inquietações a vocês:

– Por que o bom sexo sempre acaba, mesmo em casais que se amam tanto quanto antes?

– Por que a intimidade não garante um bom sexo?

– Podemos querer aquilo que já temos?

– Por que a transição para a paternidade/maternidade traz a queda do erotismo no casal?

– E por que o proibido é tão erótico?

– Quando você ama, como você se sente, e quando você deseja, como isso é diferente?

Boas perguntas!

O mais intrigante problema de probabilidade

Há 30 anos atrás, eu trabalhava com um grupo cujos participantes tinham muito boa formação em matemática e estatística. Certo dia apareceu um problema aparentemente fácil, mas que tinha uma casca de banana que gerava dúvida sobre sua solução.

Vejamos o tal problema. Nós o chamávamos de o “Problema do Silvio Santos”. Isso por que SS tinha um quadro em seu programa de domingo em que eram oferecida portas para os concorrentes escolherem. Acho que eram as Portas da Fortuna. Escolhendo a porta certa o participante do programa ganhava um prêmio. Usemos o jogo oferecido por Silvio para apresentar o curioso problema.

Considere que as Portas da Fortuna são três. Atrás de uma delas há um prêmio de valor, por exemplo, 10 mil reais. As outras portas, se escolhidas, dão direito a prêmios de consolação ou, simplesmente, o concorrente não ganha nada. Silvio pede ao concorrente para escolher uma das portas. Elas são todas iguais e só a sorte pode fazer com que seja escolhida a porta que leva ao prêmio. O participante escolhe uma porta. É aí que a coisa fica animada. As portas continuam fechadas. O apresentador sabe qual é a porta que esconde o prêmio. Ele abre uma porta das duas que não foram escolhidas pelo jogador. Como sabe onde está o prêmio, Silvio escolhe para abrir uma porta que não ganha o prêmio. Se o concorrente escolheu a porta certa na primeira escolha, Silvio tem duas portas vazias para abrir. Se o concorrente não escolheu a porta da sorte, o apresentador abre aquela das duas restantes que não conduz a ganhar os desejados 10 mil reais. Depois de abrir a porta vazia, Silvio oferece ao concorrente uma segunda jogada. Ele pode continuar com sua escolha inicial ou trocar para a outra porta que permanece fechada. Notem que o apresentador sempre seguirá o procedimento de abrir uma porta vazia e oferecer ao participante do programa a oportunidade de trocar sua primeira escolha, mesmo que a primeira escolha do concorrente tenha sido a da porta que ganha o prêmio.

Qual o problema então? Sabemos que a chance de acertar a porta na primeira escolha é de 1/3. Depois que o condutor do programa abre uma porta vazia, restam duas portas fechadas, aquela escolhida primeiro e a outra que o apresentador oferece para o candidato mudar sua escolha. Entre as duas portas restantes, a chance de acertar é aparentemente 50%. Pergunta: o concorrente aceitar trocar sua escolha original e indicar a porta que restou fechada aumenta suas chances de ganhar o prêmio?

A resposta é “Sim. Trocar para a outra porta aumenta bastante a chance de escolher a porta que esconde o prêmio.” Qual a probalidade de acertar a porta do prêmio se o concorrente trocar de portas? Deixo a vocês o cálculo da probalidade de acertar.

Vejam que interessante. Se Silvio Santos quisesse criar suspense e fizesse esse jogo com, digamos, dez portas no lugar de apenas três? Nesse jogo ampliado, o apresentador deve adotar a regra de sempre oferecer uma porta vazia para as jogadas em que o concorrente pode trocar sua escolha. Se o concorrente nao troca, ele abre a porta e mostra que ela está vazia. O concorrente esperto que não aceitar trocar sua escolha original o final do processo quando Silvio abre uma última porta vazia e só restam duas portas fechadas. Nessa jogada, o participante do programa deve aceitar trocar sua escolha inicial pela porta que restou fechada. Se o jogo for jogado assim pelo nosso ideal Silvio Santos e pelo imaginário competidor, as chances dele ganhar o prêmio será de 90%. Ou seja, assim seria fácil ganhar R$10 mil.

Este problema é apresentado no livro o Andar do Bêbado, de Leonardo Mlodinow, com mais elegância do que eu o fiz. Vi recentemente, num artigo na internet, comentarem sobre o problema. Também me empolguei em registrá-lo.

A Praga das Olimpíadas

Assistimos todo dia este Brasil desordenado e continuamos a nos perguntar como vai ser a realização das Olimpíadas por aqui. Um artigo do site The Daily Beast (thedaiybeast.com) traz más notícias para quem acredita que o Rio vai ganhar com a realização dos jogos em nossa cidade. Os dados compilados por estudiosos do assunto mostram que não se comprova o famoso argumento de que os turistas vão correr para a cidade que realiza uma edição dos jogos olímpicos modernos. Os orçamentos estouram. Populações pobres são deslocadas. O evento ocorre. Alguns poucos ganham muito dinheiro e a cidade sede fica com as dívidas para administrar. Montreal foi o maior fracasso. Seu orçamento atingiu oito vezes o previsto. Outras cidades não chegaram a tanto. Mas os custos altos são a rotina nesses megaprojetos. Notem que não falam de corrupção, obras superfaturadas ou preços majorados pelo golpe do atraso das obras. Claro que o Rio não é esse caso.

O interessante do artigo é a argumentação realista de que os custos de uma Olimpíada não se pagam. Depois do evento, linhas de trem e metrô ficam subtilizadas. Estádios caríssimos são abandonados. Um idealista sugeriu que uma ilha da Grécia fosse selecionada para abrigar os Jogos permanentemente. A idéia é excelente, entretanto a sugestão não incluiu a maneira dos espertos enriquecerem com os orçamentos. Resultado: a Ilha das Olimpíadas foi esquecida.

A sina das Olimpíadas é forte e tem acontecido com regularidade de quatro em quatro anos. As cidades sofrem com obras por anos que antecedem os Jogos. Áreas de população pobres são remanejados sob o discurso da revitalização. Os empreendedores ligados ao projeto olímpico enriquecem. Por alguns dias a cidade sede assiste o brilho da competição. Depois, ela é esquecida, cai na rotina, e ficam as dívidas para serem pagas pelos anos a frente.

É claro que no Rio de Janeiro isso não vai acontecer.

Crise econômica reduz a traição entre casais italianos

A temporada das férias de agosto é pródiga para as escapadelas dos casados em Roma. As esposas vão para as praias com as crianças. Os maridos ficam na capital livres e soltos. Podem fazer seus programas alternativos com suas amantes sem restrições de horários e riscos de desagradáveis esbarrões em suas esposas. Entretanto, a crise econômica atual diminuiu as condições para a manutenção desse equilíbrio familiar italiano. Mulheres estão tendo que trabalhar mais e, portanto, não podem sair de férias. Com menos opções de empregos, a renda cai e reduz o dinheiro extra para gastar com a segunda família. Tempos difíceis.

Trair seu parceiro ou parceira é uma instituição italiana, como a macarronada e a pizza. Um estudo realizado sobre os dados dos divórcios mostrou que 55% dos homens italianos traem suas esposas. As mulheres devolvem a cortesia. Entre elas, 42% já traíram ou traem seus esposos. A faixa típica de idade dos adúlteros está entre 40 e 50 anos. Os colegas de trabalho são os casos mais comuns de relacionamentos extraconjugais, atingindo a marca de 60% das circunstâncias geradoras de traições. Novos tipos de relações (novos?) também compõem a vocação dos italianos para pular a cerca. De acordo com o estudo, 7% dos homens traem em relações homossexuais, comparado com semelhantes 5% de mulheres que traem seus maridos em relações lésbicas.

Médicos Cubanos no Brasil, maneira estranha de tratar demanda

O governo tá precisando acertar em alguma coisa. Criar um programa para colocar médicos nas cidades onde eles são precisados era uma boa ação política e de gestão pública. O acerto do governo Dilma acaba aí. Surgiu o imbróglio da pouca aceitação dos profissionais nacionais. Analisemos. Se os médicos brasileiros não querem ir para os postos que lhe estão sendo oferecidos, um bom raciocínio a seguir é que o salário não compensa. Talvez fosse o caso de aumentar o salário. A lei da procura por bons salários, esta o governo não pode revogar. Eles a usaram para justificar aumento nos custos dos funcionários públicos. Quando foi o caso de arrumar emprego para os petistas, o governo criou um sem número de cargos comissionados para abrigá-los. Resolver a pouca receptividade do programa trazendo profissionais de fora é um precedente perigoso para tratar os trabalhadores brasileiros. Por exemplo, se precisarmos de gestores mais baratos no governo, podemos contratar chineses, a mão-de-obra por lá é barata?

Esse caso dos médicos fede um pouco mais. O comissariado do PT tem uma dívida psicanalítica com Cuba, a guardiã da fantasia comunista. Ajudar Fidel Castro faz parte do programa do partido de Lula e Dilma. Repassar meio bilhão de dólares aos conterrâneos comunistas ajudará bastante a combalida economia da ilha. O cheiro ruim fica mais forte quando se sabe que o salário vai para o governo. O trabalhador só recebe uma parte pequena do valor nominal que o Brasil paga. Os sábios dos governos brasileiro e cubano descobriram um modelo de troca que fere os direitos dos trabalhadores dos dois países. Dilma diz que o médico brasileiro vale pouco e se recusa a pagar o valor que pedem. Cuba acha que os médicos deles valem menos ainda. Como podem determinar salários a seu bel prazer, dão uma merreca para os médicos cucarachos e embolsam a diferença. Dilma e seus gestores devem morrer de inveja desse poder de estabelecer quanto vale um trabalhador. Mas eles chegam lá.

Estamos vivendo mais e melhor

Artigo do site Pacific Standard apresenta interessante conclusão derivada da análise de gastos de saúde da população mais velha. Era de esperar que o povo, por estar vivendo mais, estivesse aumentando seus gastos de saúde conforme a idade avança. Os resultados surpreendentes mostram que os gastos estão se concentrando no último ano de vida. As pessoas parecem estar melhorando sua qualidade de vida e de saúde, só recorrendo fortemente à medicina e apoio médico quando uma situação mais grave acontece, isso ocorrendo mais perto do final da vida. O esperado aumento exponencial com gastos de saúde nos idosos não acontece.

O que a análise dos dados mostrou? Doenças como artrite e diabete aumentaram de incidência. Entretanto, o câncer se manteve estável com a idade. O estudo mostra que os idosos não estão precisando dedicar tanto tempo a mais para cuidar da saúde. Que bom!

Como encerra dizendo o artigo, os anos dourados (golden age) estão mais dourados e duradouros do que nunca.

ainda sobre Santa Maria: acho que eu penso errado

Vejam vocês. Estão correndo atrás de prender e processar os donos da boate Kiss e o pessoal da banda que tocava na noite do incêndio que matou 230 e tantas pessoas lá em Santa Maria. Muito certo. Aqui no Rio, identificou-se que mais de 100 estabelecimentos funcionavam sem alvarás, sem portas de escape adequadas, um show de incompetência do governo, dos bombeiros etc. Aí eu pergunto: se o administrador da cidade (o prefeito!) reconhece que vinha deixando mais de 100 casas funcionando pondo em risco a população, ele nao está reconhecendo a culpa por negligência? Quer dizer que por sua omissão e má administração poderiam ter morrido muitos jovens em nossa cidade? Ué? Nao seria o caso de mandar prender o prefeito? Ele poderia ser magnânimo, dar o exemplo e se apresentar numa delegacia da cidade.

Talvez ele imaginasse que as regras de segurança eram cumpridas. Ele nao considerasse possível que os bombeiros façam corpo mole para “detalhes” de segurança. Será que rola dinheiro para soltar alvará? Impossível! Numa terra séria como a nossa. Talvez Eduardo Paes seja um ingênuo bem intencionado. Mas, como ele é o gestor, a gente elegeu ele pra isso, ele é responsável pelo que acontece ou poderia acontecer. Nesta minha linha de raciocínio equivocada, lembro a vocês que ele já é reincidente. Lembram do bonde de Santa Tereza? Até o bonde tombar e matar gente, a prefeitura achava ele uma gracinha. Depois do acidente, verificou-se que era uma lata velha sem freios pondo em risco a vida de todos todo o tempo. Acho que tinha um administrador que não administrava, o Julio Lopes, que ficou na surdina esperando a notícia esfriar.

Pois é, é assim mesmo. A gente assiste as tragédias, ensaia breve indignação e voltamos a nossa postura de carneiro castrado. Eu penso errado.

da trajédia de Santa Maria

Dei de ver Jornal Nacional, em particular a cobertura do rescaldo emocional da tragédia que vitimou mais de duzentas pessoas no domingo passado. Tem sabor ruim assistir essas reportagens. Mostram-se famílias sofrendo e chorando. São mostradas as coincidências que levaram alguns a se salvar ou, por algum capricho do destino, a decisão de última hora de ir à festa e virar mais um corpo jogado na irresponsabilidade. Vemos as homenagens aos jovens que perderam a vida. Coreografias lúgubres são apresentadas no horário nobre.

Os motivos sao sabidos. Nao foi acidente. (null)