Resumo de 2007

Falemos do ano de 2007 que, a essa altura, já é história. Aqui fica o registro para as gerações futuras. A foto à esquerda mostra o por do sol em Ipanema no dia 31 de dezembro de 2007. A luz do dia se foi em 2007 com a cerimônia adequada ao momento. Foi um belo ano. O sol esteve sempre presente no céu azul da cidade maravilhosa. Foram tantos dias ensolarados que, no final, temia-se que as florestas não agüentassem a seca. Alguns incêndios aconteceram. Depois, uma chuva intermitente nos visitou garantindo o verde dos morros. No Natal, choveu um pouco. O final do ano teve dias maravilhosos que o povo reverenciou aplaudindo o Deus Sol em sua entrada no mar. Bonito.

Outra coisa para ser lembrada foi o calendário. O ano de 2007 foi pródigo em feriados. Foi difícil engrenar no trabalho. As festas de fim de ano caíram em convenientes 3ª feiras fechando o ano com chave de ouro.

As preocupações com o clima foram a novidade nas conversas e na mídia. O problema da ecologia ganhou as mesas dos bares. O Brasil continua mal na foto. A floresta amazônica queima largada. Não temos vontade nem competência para cuidar dela. Uma guiana lá em cima reconheceu que não tem como cuidar e ofereceu suas florestas para a Inglaterra administrar. Será que era o caso do Brasil também pedir socorro internacional para cuidar da nossa floresta? A China continua crescendo alucinada e poluindo outro tanto. Talvez seja a poluição que vai conter seu crescimento.

A economia brasileira surfou nas boas ondas internacionais. As previsões eram crescimento de 3,5%, crescemos 5%. A Bolsa cresceu 78%. O petróleo bateu US$100 no primeiro dia de 2008. Dizem que pode chegar US$150. E a Petrobras achou muito petróleo em Santos. Nesta área, o Brasil está bem. Convenhamos: Lula é um cagão! O cara tem muita sorte. Quando ele precisa administrar, dá merda. Haja vista a zona que reinou no espaço aéreo brasileiro. Mas o presidente Lula, o homem do “nunca se viu” ou “estou convencido”, se aproveitou dos bons resultados, distribuiu bolsa família a valer e ficou com 60% de aprovação. Lula ganhou o ano.

A política brasileira foi ditada pelo sem ética Renan Calheiros. Depois que todo mundo ficou sabendo que ele comia a Mônica Veloso e o dinheiro da pensão era pago por lobista de empreiteira, Renan entrou numa espiral de sacanagens que conseguiu sujar o nome pouco limpo de nosso Senado. O cara ridicularizou a política brasileira. Negociou da maneira mais baixa, mostrando que seus interlocutores topam o estilo. Vendeu caro sua saída da presidência do Senado. Ninguém foi preso.

No Rio, Cesar Maia caiu em depressão por ver suas pretensões presidenciais irem para o ralo. Ninguém gosta dele. É o contrário do que o Rio merece como prefeito. É nossa sina. Deprimido, largou a administração da cidade e ficou escrevendo bobagem em seu blog. Como não tinha o que fazer, tentou ser consultor político em eleições na Guatemala. A informação é imprecisa, mais o sentido da babaquice do Cesar Maia é exato.

No esporte, o Brasil mostrou que no vôlei tem organização, técnica e material humano. Arrebentou nos campeonatos internacionais. Mas é o futebol que melhor representa nosso país: tem roubo, grandes transações, politicagem, cartolagem, ídolos… Futebol é uma tragédia rodrigueana. Continuamos tendo os atletas, o Cacá, por exemplo, e os bad boys, como os Adrianos. Romário continuou com sua eterna saída. Conseguiu um feito: foi técnico e jogador num mesmo jogo. Ainda bem que não jogou bem, se fizesse, virava santo padroeiro.

O Rio evidenciou que o tráfico está se tornando a grande força na cidade. O filme Tropa de Elite foi a ficção retratando a realidade tétrica de nossa instituição policial. A distribuição do filme por camelôs que faturaram milhões com a venda de DVDs mostrou que a informalidade é a tônica em nossa economia. Talvez tenha sido um bem sucedido golpe de marketing. O crime está assustando a todos. O assalto a Paulinho de Viola, no penúltimo dia do ano foi emblemático. No mesmo dia, atriz da Globo, escapou porque seu Pajero era blindado. Comprar carro blindado é decisão tão simples como comprar carro com freio ABS. Quem tem dinheiro compra.

Em tempo: Feliz 2008

É oportuno discutir o aborto


Percival Puggina coloca bons argumentos contra a simplificação do debate sobre o aborto

Percival Puggina já foi colaborador de Polemikos. Não é mais. Não precisa. Ele tem seu canal de divulgação através de seu site. Puggina escreveu
bom artigo sobre o aborto (ver
artigo
)
. Ele expõe a falta de argumentos razoáveis para a liberação do aborto. Foi bastante feliz em sua argumentação. Puggina aponta que aqueles que são favoráveis ao aborto apenas alinham motivos para cometer o crime. Os motivos ou atenuantes podem ser nobres, mas não retiram a característica criminosa do ato. Por outro lado, recentemente, aqui em Polemikos, Tirésias da Silva defendeu a legalização do aborto (ver artigo). A discussão é necessária.

Continue lendo “É oportuno discutir o aborto”

Como ganhar dinheiro com o segredo de “O Segredo”, de Rhonda Byrne

O Segredo começa com uma citação que é o resumo do conteúdo da obra: “O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora.” – Tábua das Esmeraldas, cerca de 3.000 a.C.

Entendeu? Provavelmente não. Vou ajudar. Vou lhe contar como se faz. As próximas palavras que você lerá poderão mudar sua vida. Elas lhe mostrarão como alcançar fama e fortuna escrevendo livros como o de Rhonda Byrne. Continue lendo “Como ganhar dinheiro com o segredo de “O Segredo”, de Rhonda Byrne”

Tropa de Elite, de José Padilha

retrato da elite da tropa. quem é polícia? quem é bandido?

Meninos, eu vi! O filme foi copiado para a rede. Tropa de Elite é show! Os envolvidos já foram presos. Devem ficar na cadeia. Pausa. Renan Calheiros, entretanto, não deve ir para trás das grades. Fecha pausa. Depois que a cópia caiu na rede, o povo passou a “baixar” o filme e o mercado paralelo virou festa. Continue lendo “Tropa de Elite, de José Padilha”

Por que os senadores roubam?

uma explicação técnica para os corruptos brasileiros

Por que os senadores roubam? Eles têm boa vida. Ganham bem. O trabalho de liderar o legislativo de uma nação deveria ser por si só gratificante. Mesmo assim, eles buscam riqueza financeira por caminhos escusos. E fazem isso roubando o dinheiro do povo. Continue lendo “Por que os senadores roubam?”

Colapso: Como as Sociedades Escolhem o Fracasso ou o Sucesso [Jared Diamond, 2005, Editora RCB]

Magnífico! Um livro essencial. Depois de ganhar o prêmio Pulitzer com seu famoso livro ““Armas, Germes e Aço””, Jared Diamond nos traz “Colapso”, antológico trabalho sobre a evolução das sociedades. Ele analisa com detalhe e elegância, porque elas sucumbem e porque são bem sucedidas. O livro é um curso intensivo para nos atualizarmos sobre as dificuldades do relacionamento da humanidade com a natureza. E está na hora de se informar sobre o assunto. O meio-ambiente está na pauta do dia. Continue lendo “Colapso: Como as Sociedades Escolhem o Fracasso ou o Sucesso [Jared Diamond, 2005, Editora RCB]”

O Golpe das Carteiras de Estudante

e a população é treinada para tirar vantagem em tudo

O assunto vem sendo discutido há bastante tempo. Há uma quase unanimidade sobre a necessidade de alteração da lei, entretanto pouco se avança em ações efetivas. O fato é que a instituição “carteira de estudante” está falida. É uma grande farsa seu uso para obter a “meia-entrada” em shows e outros eventos. É um engodo generalizado em que alguns têm lucros (os emissores de carteirinhas) e a população em geral perde, ludibriada pela falsa impressão de pagar menos nos espetáculos.

O assunto carteira de estudante serve para exemplificar como é difícil se decidir alguma coisa no Brasil. Desde 2001, quando a emissão de carteiras deixou de ser exclusiva da UNE, o negócio tornou-se lucrativo e a solução que já sofria críticas, se degenerou por completo. A Jovem Pan faturou cerca de 4 milhões de reais emitindo 130 mil carteirinhas. Até a Skol emite carteiras para os bebedores da cerveja. A proliferação do documento gerou uma reação óbvia e previsível: os preços de cinemas, shows e casas de diversão foram majorados. Funciona assim: todo mundo arranja uma carteira, fica achando que é esperto e que paga mais barato, mas o preço é aumentado para compensar a meia-entrada, e todos pagam é caro mesmo. Existe um porém: aquele que não se dispõe a obter uma carteira fica sendo o otário que vai pagar sempre mais caro por entradas de cinema ou outros shows.

Além dos desvios de preços provocados pela disseminação de carteiras de estudante, há uma perda maior para nossa já combalida sociedade. As pessoas são estimuladas a falsificar ou obter carteiras para obter descontos. É a propaganda subliminar de que “vale tudo” e que uma pequena ilegalidade pode ser praticada sem culpa. Este treinamento para a falsidade ideológica, para as práticas ilegais, é um dano de largo alcance que vem junto com o uso de carteiras por não estudantes. Cada vez é mais comum encontrarmos pessoas abastadas se reduzindo a mediocridade de fazer uma carteira de estudante para pagar meia nos cinemas.

A rigor, a carteira de estudante dar desconto é inconstitucional. Por que o trabalhador deve ser tratado diferentemente do estudante? O trabalhador jovem também deveria ser estimulado a consumir cultura com preços reduzidos. O estudante de escola pública e privada deve ser tratado da mesma maneira? Anestesiados pelos falsos ganhos, ninguém quer discutir o assunto. Há solução simples para o problema. Não podemos dizer que somos originais em propô-la. O deputado estadual Wanderlê Correia, de Sergipe, propôs o pagamento da meia-entrada para jovens de até 21 anos de idade, que nos debates da câmara do estado foi estendida para a idade de 24 anos, em virtude de ser esta a idade do primeiro emprego para os estudantes. Por que não adotar solução tão simples? O desconto definido pela idade é muito mais democrático. Os jovens seriam favorecidos e motivados para os programas culturais com preços inferiores. Deixaríamos de favorecer aquele que tem recursos para investir na educação enquanto deixamos os que têm que trabalhar para viver pagarem o preço cheio. Seria de fácil controle, já que todos têm o documento de identidade. Descontos para detentores de carteiras de estudante ou quaisquer outras ficariam a critério do comércio.

Na “Zona Brasil” a que chegamos, carteiras de estudante podem parecer assunto sem importância, mas elas são um sintoma a mais. Mais um sintoma entre tantos!

Elsa e Fred – Um Amor de Paixão [Elsa y Fred] de Marcos Carnevale

Elsa e Fred, foto imdb.com

Os argentinos continuam de sacanagem com o cinema brasileiro. Estão humilhando! Sem se preocuparem em fazer grandes produções, eles mantêm a rotina de fazer bons filmes, utilizando bons roteiros. É por aí que eles expõem nossa incompetência para fazer cinema. Continue lendo “Elsa e Fred – Um Amor de Paixão [Elsa y Fred] de Marcos Carnevale”

Vamos discutir, droga!

Aproveito a deixa. O tema da descriminalização das drogas voltou à agenda de discussão. Arnaldo Bloch, em sua coluna semanal de O Globo, comentou o assunto há cerca de duas semanas. Chico Buarque, na entrevista sobre seu novo disco, também abordou a necessidade de retomar a discussão sobre o problema das drogas no Brasil. O deputado Gabeira costuma abordar o assunto. É auspicioso que eles tragam o tema para o debate. Infelizmente, em geral, o assunto drogas é tratado entre a hipocrisia e histeria. Continue lendo “Vamos discutir, droga!”

Por que é tão difícil conseguir nota fiscal na Mr.Cat?

resposta: é difícil em todo canto!

Sempre é a mesma coisa. Um sapato lhe chama atenção na vitrine, você entra na loja, vem o vendedor sorridente, você escolhe o que quer, experimenta, decide levar. Parece tudo normal. Aí começa a manobra. Continue lendo “Por que é tão difícil conseguir nota fiscal na Mr.Cat?”