O Andar do Bêbado [Leonard Mlodinow, 2009]

Bom livro. É da classe dos livros “quase técnicos”. O tema central é o acaso, como lidamos com ele e os mecanismos criados para representá-lo. A proposta do livro é desmistificar ou descomplicar o entendimento de probabilidade e estatística. Contando a história da evolução das técnicas para estudar fenômenos aleatórios, Mlodinow esclarece as definições e mostra suas aplicações. O autor consegue perambular bem pelos temas. Eu recomendaria, sem dúvida, para um aluno de faculdade que tivesse terminado a cadeira de probabilidade e seguisse para fazer estatística no próximo semestre. Para quem tiver minimamente se afeiçoado aos assuntos, o livro é leitura agradável e serve para arrumar a cabeça sobre detalhes da teoria. Para aqueles que se atemorizaram com a probabilidade, o livro, apesar de fácil e bem abordado, vai causar enjoo. Eu recomendaria perseverar, mas é baixa a chance de conseguir convencer os desgostosos. Quem já conhece o assunto, pode considerar o livro meio trivial, mas Mlodinow contorna o risco de cair no óbvio apresentando o contexto histórico dos avanços da matemática, tornando o livro atraente e, em certos momentos, hilário. O autor traz exemplos práticos interessantes da probabilidade e estatística, tocando assuntos diversos tais como a controversa eficiência de fundos de investimento, os resultados falso-positivos de testes de doenças ou argumentos falaciosos de julgamentos de crimes. Esse tipo de conhecimento merece nossa atenção, pelo menos que seja para diminuir a chance de sermos ludibriados pelas armadilhas de argumentações equivocadas ou de pura má fé que nos ameaçam no dia a dia. Investir na leitura de O Andar do Bêbado traz boa chance de o leitor aperfeiçoar sua visão sobre eventos aleatórios ou errôneas relações de causa e efeito que, na verdade, são movidas pelo acaso. Recomendo dar o passo na direção de sua compra.

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como ler “Cinquenta Tons de Cinza”

A boa prática para ler o livro Cinquenta Tons de Cinza, da autora E L James é simples e objetiva. Compre o kit “livro e marcador de textos”. Faça a leitura marcando os trechos que considerar mais eróticos e passíveis de experimentação. Concluída a leitura (ou quando você achar que já tem bastante material de trabalho), passe o livro a seu parceiro sexual para que ele tome conhecimento das partes (do livro e do corpo) que mais a estimularam e dê início as práticas. Desejo bons e novos orgasmos a todos.

Carlos Heitor Cony

Quem ouve aquele idoso balbuciando comentários no programa Liberdade de Expressão, nas manhãs da rádio CNN, tende a cair na armadilha de criticar o hesitante debatedor. Eu concordo com os críticos, mas me forço a lembrar que ali está o autor de “Quase Memória”. É o cara! Minha dívida com Cony pelo prazer que seus livros me trouxeram é imenso. Outro livro dele de que gosto muito é “Pilatos“, de 1974. Para ficarmos em “Quase Memória”, este é livro que faz aflorar o riso e as lágrimas, imperdível. A entrevista de O Globo de hoje resgata um pouco da história de vida e da verve do escritor. Acho que já está na época de começar a relê-lo.

Unknown, Richard Dawkins

Interessante o livro Unknown, de Richard Dawkins. Baixei a versão gratuita para ler no Nook. Gosto muito da maneira de pensar do escritor dos famosos o “Gene Egoísta” e “Deus, um Delírio”. Sua crônica esclarecedora sobre crendices em geral é um bom exercício de maneira de pensar clara e limpa. É bom rever o argumento que Dawkins já utilizou em seu livro Deus, um Delírio, em que ele mostra como a tendência dos humanos em acreditar no que dizem seus pais foi muito útil para dar segurança a uma espécie no começo de sua evolução. Hoje, para aspectos como a religiosidade, a fé das crianças nos seus pais, que é estendida a adultos com status, serve para desenvolver nas pessoas a fraqueza de acreditar no sobrenatural, incluídas aí as improváveis propostas das religiões.

Under the Dome [Stephen King, 2009]

Under the Dome: A Novel Stephen King lançou este romance de ficção científica em novembro de 2009. É um romance de peso. São 1050 páginas bem medidas. O mestre do terror e ficção científica (e outras categorias) não poupou papel. Uma boa opção é ler o livro no Kindle, que é levinho, o que torna mais confortável a leitura deitado.

A idéia do livro é instigante. O que acontece como uma cidade se um belo dia um campo de força se instala sobre ela isolando-a do resto do mundo? King explora as possibilidades de analisar como os humanos perdem rapidamente o verniz de civilização se são colocados em situações limites. Continue lendo “Under the Dome [Stephen King, 2009]”

último livro da trilogia Milênio fica entre os melhores do ano 2010

Com o título em inglês The Girl Who Kicked the Hornet’s Nest, o último livro da trilogia de Stieg Larsson entrou em honroso sétimo lugar na lista dos melhores livros do ano de 2010 do site Amazon.com. O hipnotizante romance criada pelo escritor sueco continua fazendo sucesso em todo mundo. Criou-se uma confraria mundial dos leitores que saborearam o ritmo do thriller Milênio, com as aventuras dos personagens do repórter Mikael Blomkvist e da hacker Lisbeth Salander. No Brasil, o livro saiu com o título A Rainha do Castelo de Ar e pode ser adquirido no Submarino.

Monteiro Lobato x Harry Potter

Por que tanta discussão sobre Monteiro Lobato? Acho que a garotada não está lendo Lobato. Quando mirim, viajei nas histórias desse gênio brasileiro. Uma criança hoje, se der sorte de gostar de ler, vai ler Harry Potter. A babaquice dessa discussão sobre o preconceito racial de Monteiro Lobato pelo menos trouxe seu nome para ser comentado na imprensa e, talvez, nas escolas. Quem será que lê hoje o magnífico A Chave do Tamanho? Reinações de Narizinho? Líamos estes livros antes do dez anos de idade. Imaginávamos as histórias em nossas cabeças, criando fantasias em 3D. Hoje, não precisam, tem Avatar. Por que darmos atenção ao Visconde de Sabugosa? A Universal criou o parque do Harry Potter em Orlando, na Flórida. Se fôssemos um pouco mais cultos e déssemos valor a nossa cultura, teríamos um grande parque temático chamado Sítio do Pica-Pau Amarelo, provavelmente em Minas. Este post é só pra mostrar minha rabugenta indignação com a falta de respeito por aquele que me despertou para o prazer da leitura.

Pornopopéia [Reinaldo Morais, Objetiva, 2009]

Gostei da jornada pornográfica da Reinaldo Morais. Começando pelos méritos menores, é um exemplar de boa pornografia. Mas Reinaldo escreve bem. Sua linguagem chula é de alto nível. O texto rola fácil. A grosseria da vida do Zeca da história tem embrulho de luxo. Sua odisséia de drogas e sexo não pede compreensão ou explica qualquer coisa. O humor aparece nas enrascadas e comentários despudorados de um cara com visão radical da utilidade das mulheres. Depois falo mais. Pode comprar e ler que vale a pena.

Escrevemos em 12.12.10: Ainda não lemos. O site Submarino traz em sua resenha: “Pela sua atualidade e também pela maneira como o autor domina o texto – de ritmo nervoso, ecoando o que se diz nas ruas, e não nos departamentos de literatura -, Pornopopéia é uma experiência única. E seus efeitos não são passageiros.” Arnaldo Bloch, em sua coluna de 11.11.10, de O Globo, diz que o livro de Reinaldo lhe trouxe uma “experiência de leitura que, em termos de impacto e imersão, só teve paralelo quando ele leu Grande Sertão Veredas”. Quer mais? Vou dar um jeito de ler. Deixo pra vocês um trailer da epopéia de Reinaldo:

Vai, senta o rabo sujo nessa porra de cadeira giratória emperrada e trabalha, trabalha, fiadaputa. Taí o computinha zumbindo na sua frente. Continue lendo “Pornopopéia [Reinaldo Morais, Objetiva, 2009]”

Homens que não amavam as mulheres [Stieg Larsson, Companhia das Letras, 2005]

pode comprar. o livro é muito bom! eu garanto.

Em tempo: O filme do livro estréia no Rio em 14 de maio de 2010. Foi feito na Suécia. Mas um caso para conferirmos se acorre a sina das adaptações para o cinema serem piores que os bons livros. A conferir.

Li o livro nos primeiros dias de 2010. Ficou como candidato a melhor livro do ano. Na realidade, “Homens que não amavam as mulheres” é de 2005. Foi o primeiro volume de uma trilogia. Um detalhe é que o autor morreu aos 50 anos, em 2004, vítima de um ataque cardíaco, logo depois de terminar a obra. Como Larsson era engajado em campanhas – por exemplo, contra a “exploração de mulheres” – que pode ter gerado alguns inimigos pouco tolerantes, a teoria do assassinato do autor tem adeptos. Continue lendo “Homens que não amavam as mulheres [Stieg Larsson, Companhia das Letras, 2005]”

O Seminarista [Rubem Fonseca, Agir, 2009]

Thriller típico de Rubem Fonseca. Dessa vez, o paradoxo maior é o personagem principal ser um ex-seminarista. Da mesma forma que Fonseca utiliza o gosto pelos clássicos de seu famoso personagem, o detetive Mandrake, o seminarista gosta de citar aforismos em latim. O enredo não é tão novo. O metódico assassino de aluguel recebe seus “serviços” através de uma figura chamada com precisão de “o Despachante”. O herói sai de sua rotina profissional eficiente e bem sucedida tentado por uma mulher. Sempre elas! Continue lendo “O Seminarista [Rubem Fonseca, Agir, 2009]”