Pornopopéia [Reinaldo Morais, Objetiva, 2009]

Gostei da jornada pornográfica da Reinaldo Morais. Começando pelos méritos menores, é um exemplar de boa pornografia. Mas Reinaldo escreve bem. Sua linguagem chula é de alto nível. O texto rola fácil. A grosseria da vida do Zeca da história tem embrulho de luxo. Sua odisséia de drogas e sexo não pede compreensão ou explica qualquer coisa. O humor aparece nas enrascadas e comentários despudorados de um cara com visão radical da utilidade das mulheres. Depois falo mais. Pode comprar e ler que vale a pena.

Escrevemos em 12.12.10: Ainda não lemos. O site Submarino traz em sua resenha: “Pela sua atualidade e também pela maneira como o autor domina o texto – de ritmo nervoso, ecoando o que se diz nas ruas, e não nos departamentos de literatura -, Pornopopéia é uma experiência única. E seus efeitos não são passageiros.” Arnaldo Bloch, em sua coluna de 11.11.10, de O Globo, diz que o livro de Reinaldo lhe trouxe uma “experiência de leitura que, em termos de impacto e imersão, só teve paralelo quando ele leu Grande Sertão Veredas”. Quer mais? Vou dar um jeito de ler. Deixo pra vocês um trailer da epopéia de Reinaldo:

Vai, senta o rabo sujo nessa porra de cadeira giratória emperrada e trabalha, trabalha, fiadaputa. Taí o computinha zumbindo na sua frente. Continue lendo “Pornopopéia [Reinaldo Morais, Objetiva, 2009]”

Homens que não amavam as mulheres [Stieg Larsson, Companhia das Letras, 2005]

pode comprar. o livro é muito bom! eu garanto.

Em tempo: O filme do livro estréia no Rio em 14 de maio de 2010. Foi feito na Suécia. Mas um caso para conferirmos se acorre a sina das adaptações para o cinema serem piores que os bons livros. A conferir.

Li o livro nos primeiros dias de 2010. Ficou como candidato a melhor livro do ano. Na realidade, “Homens que não amavam as mulheres” é de 2005. Foi o primeiro volume de uma trilogia. Um detalhe é que o autor morreu aos 50 anos, em 2004, vítima de um ataque cardíaco, logo depois de terminar a obra. Como Larsson era engajado em campanhas – por exemplo, contra a “exploração de mulheres” – que pode ter gerado alguns inimigos pouco tolerantes, a teoria do assassinato do autor tem adeptos. Continue lendo “Homens que não amavam as mulheres [Stieg Larsson, Companhia das Letras, 2005]”

O Seminarista [Rubem Fonseca, Agir, 2009]

Thriller típico de Rubem Fonseca. Dessa vez, o paradoxo maior é o personagem principal ser um ex-seminarista. Da mesma forma que Fonseca utiliza o gosto pelos clássicos de seu famoso personagem, o detetive Mandrake, o seminarista gosta de citar aforismos em latim. O enredo não é tão novo. O metódico assassino de aluguel recebe seus “serviços” através de uma figura chamada com precisão de “o Despachante”. O herói sai de sua rotina profissional eficiente e bem sucedida tentado por uma mulher. Sempre elas! Continue lendo “O Seminarista [Rubem Fonseca, Agir, 2009]”

A Elegância do Ouriço [Muriel Barbery, Companhia das Letras, 2008]

Comprei por impulso. Estava na Livraria da Travessa. Alguém tinha comentado comigo que o livro era bom. Arrisquei. Não fui feliz.

O livro é fraco. A autora Muriel Barbery tem estilo pomposo mas sem substância. O tema do livro é a sofisticação e a mediocridade. O quanto isso pode ser encoberto nas pessoas por aparências, classes sociais e idades. É tema difícil. Ela foi pela abordagem fácil, caricaturando os personagens. Continue lendo “A Elegância do Ouriço [Muriel Barbery, Companhia das Letras, 2008]”

O Negativo [Ansel Adams, Senac, 2001]

É um clássico da literatura sobre fotografia. Ansel Adams ficou célebre pelo rigor na qualidade que perseguiu para suas fotografias. Várias de suas fotos se encontram entre as mais vendidas no mundo. A foto Nascer da Lua sobre Hernandez (“Moonrise over Hernandez”) (veja aqui) é uma maravilha. Depois que você lê Adams contando como fez a foto, passa a amá-la mais ainda. Veja como ele conclui a foto: “Ele não encontrou o fotômetro, mas fez a exposição baseada na conhecida luminosidade de Lua – 250 velas pé. O resto, como dizem é história.” Continue lendo “O Negativo [Ansel Adams, Senac, 2001]”

Tigre Branco [Aravind Adiga, Nova Fronteira, 2008]

Em tempos da novela Caminho das Índias, o público está sufocado de informações sobre esta terra distante, misteriosa e idílica. Não é bem assim. Quer fugir do lugar comum? Tente o livro O Tigre Branco, de Aravind Adiga, que mostra uma Índia diferente daquele país que imaginamos, famoso pelo curry, chá, religiosidade e mistério. Continue lendo “Tigre Branco [Aravind Adiga, Nova Fronteira, 2008]”

Pequeno Tratado das Grandes Virtudes [André Comte-Sponville, 1995, Martins Fontes]

Por definição, Deus é perfeito, é o bem absoluto, uno, infinito. Sendo ele a síntese da perfeição, ao criar alguma coisa, só pode criar algo menor que ele. Se criar algo igual a ele, só poderá criar nada, pois o bem é ele mesmo. Desse modo, Deus só pode criar menos bem que si mesmo. Deus, já sendo todo o bem, não pode aumentá-lo, então, só pode criar o mal. Comte-Sponville apresenta bela solução para esse impasse, referindo à Simone Weil: “O que é este mundo, pergunta ela, senão a ausência de Deus, sua retirada, sua distância (a que chamamos espaço), sua espera (a que chamamos tempo), sua marca (a que chamamos beleza)? Deus só pôde criar o mundo retirando-se dele (senão só haveria Deus); ou, se nele se mantém (de outro modo não haveria absolutamente nada, nem mesmo o mundo), é sob a forma de ausência, do segredo, da retirada, como a pegada deixada na areia, na maré baixa, por um passeante desaparecido, única a atestar, mas por um vazio, sua existência e seu desaparecimento…” Só este pensamento limpo e poético já nos antecipa a beleza do livro Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, de André Comte-Sponville. A atenção é justificada. O livro é uma preciosidade. Continue lendo “Pequeno Tratado das Grandes Virtudes [André Comte-Sponville, 1995, Martins Fontes]”

Warren Buffett e a Análise de Balanços – Mary Buffett, David Clark

Acho que a tradução acima está boa para o título “Interpretation of Financial Statements, The Search for the Company with a Durable Competitive Advantage”, de Mary Buffet e David Clark. É um livro pequeno, com capítulos curtos, que vale quanto pesa. Do alto de sua fortuna de 50 bilhões de dólares, Buffett nos ensina como identificar as boas empresas para se investir. A propalada maneira com que Warren Buffett avalia as empresas em que investe é apresentada no livro de maneira clara e simples. Esta é a maior virtude da obra. A escritora, Mary Buffett, esposa do bilionário, prima pela didática ao mostrar conceitos contábeis reconhecidos por serem antipáticos de lidar. O estilo adotado é explicar “como se o leitor fosse uma criança”. O resultado final é muito bem sucedido. O livro serve como um curso eficiente de contabilidade gerencial.

Há uma tirada famosa de Warren Buffett: “Tem homens que gostam de ler Playboy. Eu gosto de ler balanços de empresas.” O livro utiliza o vasto conhecimento de Buffett sobre o assunto para nos ensinar como procurar o que ele chama de empresas com “vantagens competitivas duradouras”. Descrevendo cada item de um balanço, recheando com comentários sobre famosas empresas americanas, ele disseca o que é interessante olhar nos resultados financeiros das empresas. Exemplos de empresas que Buffett gosta, como suas preferidas Coca-Cola e a fabricante de chicletes Wrigley, são usados para ilustrar seus argumentos. Sem dúvida é razoável ele dizer que não gosta de investir numa empresa como Intel, que precisa investir cerca de 50% de seus ganhos em pesquisa e desenvolvimenteo, senão estará fora do mercado em menos de um ano. Buffett nos lembra que a Coca-Cola gasta em pesquisas 0%. Dá no que pensar, não é? Ele pisa sem dó nas empresas que considera péssimos investimentos. Buffett se diverte jogando tomates nos fabricantes de automóveis e empresas aéreas. Notem que o livro foi lançado em 2008, a GM e outras já estavam mal, mas ainda não tinham quebrado e necessitado de socorro pelo governo americano. Veja o final de um comentário dele sobre empresas que têm dificuldades crônicas de gerar receita: “Delta Airlines and Northwest don´t earn anything because they don´t earn any money.”

Para quem quer investir na bolsa de valores, este é um resumo perfeito do que se deve saber para avaliar uma empresa. Se você quer investir de maneira mais estruturada, com uma visão de ganhar dinheiro no longo prazo, este livro não pode faltar em sua estante.

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Deus, Um Delírio. [Richard Dawkins, 2002, Companhia das Letras]

O famoso biólogo Richard Dawkins acerta no alvo neste livro em que combate superstições em geral e religiões em particular. O assunto crenças e religião é sempre colocado de lado por motivos tais como “respeitar a opinião do outro” ou que “Deus é tão sagrado que não pode ser discutido”. Dawkins faz uma análise científica de nossa vocação humana para abraçar essas estranhas idéias: as religiões. Continue lendo “Deus, Um Delírio. [Richard Dawkins, 2002, Companhia das Letras]”

Coração Enfurecido [Ingrid Betancourt, 2002, Objetiva]

Nota (01.03.2008) O famoso livro escrito pela Senadora Ingrid Betancourt, sequestrada pelas FARC em 2002. O mundo inteiro se mobiliza para pedir sua liberação. A foto mais abaixo foi colocada em janeiro de 2008 em frente a Prefeitura de Paris como parte do movimento em busca de sua liberação. Saiba quem é ela.

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